VAMOS VER QUEM RESISTE MAISˇ

 

Não hà dúvida: a pesar das declarações sobre o tema do menino seqüestrado Elián González, formuladas na quinta-feira na Câmara dos Representantes pela Secretária de Estado, que podem ser qualificadas de construtivas, a máfia, a extrema direita no Congresso e até o proprio governo dos Estados Unidos, na verdade, pelo que se aprecia nos fatos e a evidente impotência da Administração, estãõ apostando ao cansanço em Cuba. Acreditam que as nossas forças esgotar-se-ão, que a mosntruosa injustiça será deixada de lado, que esse cansaço do nosso povo começa a se manifestar. Assim pelo menos foi exprimido ha muito pouco tempo numa mensagem cabográfica e diversos orgãos de imprensa norte-americanos o divulgaram.

Que mal conhecem o nosso povoˇ

A ofensiva de idéias e de massas desatada no nosso país é algo sem precedentes. Novedosa, surprendente e não esperada, os imperialistas, acostumados a cometer crimes e malfeitorias impunes de todo tipo, nem sequer foram capazes de imaginá-la. Em época nenhuma, em nenhum outro sitio foi travada semelhante luta no campo das idéias e da ética entre um país tão poderoso e o povo duma pequena ilha situada àpenas 90 milhas das suas costas. O mundo contempla hoje com assombro crescente o que está acontecendo. Simplesmente não é a luta pelo regresso duma criança, é a luta pelo direito de cada criança do mundo a não sere seqüestrada, arrebatada dos seus familiares mais íntimos, mais próximos e mais legítimos; a não ser desarraigada da cultura e da patria onde nasceu e viveu os primeiros e mais tenros anos da sua vida, nem daqueles que lhe ensinavam as primeiras letras o atendiam esmeradamente a sua saúde, ou das primeiras crianças com as quais se relacionou e jogou. Até a paissagem que impregnou as primeiras imagems do mundo externo e da natureza que tinham captado os seus olhos foi lhe arrebatado. Cursado o pre-escolar como criatura feliz, não tem podido sequer concluir o primeiro trimestre do primeiro grau. Estas são e serão sempre coisas inseparáveis da vida de qualquer ser humano que nada nem ninguém poderá substituir. Era demasiado o crime, demasiado abusivo, demasiado arbitrário. É por isso que têm que ferir a todos os pais e familiares mais próximos de todas as crianças em Cuba, no mundo e até no país onde o têm seqüestrado: Os Estados Unidos. Há muitas coisas nas quais os seres humanos discrepam mas, há uma na qual todos acreditam de maneira unánime: a inocência, a ternura e a vulneravilidade duma criança.

Psiquicamente torturam-no de maneira cruel. Exploram-no sem nenhuma vergonha, manipulam-no, disparam contra ele milhares de fotos e mostram-no como um troféo político como se fosse o couro cabeludo arrancado de algum dos milhões de índios que foram exterminados nesse pais. Ou tentam comprá-lo como o filho de qualquer dos milhões de escravos que durante séculos foram vendidos em leilão público por aqueles que ocuparam, colonizaram e criaram essa nação. Neste caso, o importante não é comprar o corpo sino comprar a alma dessa criança. É um insulto para o mundo, especialmente para a imensa maioria desse mundo integrado pela humanidade pobre, a idéia de que os seus filhos podem ser comprados com viagems a Disneylandia ou enchendo-os com todo tipo de sofisticados máquinas de jogo produzidas pelas sociedades de consumo. Indigna e ofende especialmente à sensibilidade humana o groseiro critério de que o Pátrio Poder é decidido pelo carácter pobre ou rico dum pais. Pior ainda é o repugnante processo de destruição da alma dessa criança. Pessoal especializado, técnicas sofisticadas, inclusive métodos brutais são utilizados para destruir na mente da indefessa criança todo vestígio de amor e lembrança pelo seu pai, o seu irmãozinho e os seus quatro avôs. Quem o têm no seu poder, permetem ou impedem, à sua vontade, que estes se comuniquem telefónicamente com ele. Assim torturam não só à criança com pressões, coações, gritos, ruidos, beliscos e ameaças perceptíveis para perturbar a comunicação, mais também ao seu desesperado padre e avôs doutro lado da linha. O propósito? Criar medo, terror e rechaço da criança para com o seu pai e avôs, de maneira que tenha medo de se comunicar com eles. Querem de tudo jeito que a criança chegue rejeitá-los, utilizando com ele métodos semelhantes aos do famoso pesquisador Pavlov para criar reflexos condicionados nos cachorros.

Fizeram-no até, colocar o seu nome num documento com letra de tipografia, com traços que uma criança que ainda não sabe ler pode pintar numa folha, para designar advogados e solicitar a cidadania norte-americana. Para votar por qualquer candidato a Presidente, legislador, prefeito, juiz estadual ou qualquer outro funcionário eletivo de maior ou menor importância, exigem-lhe a um jóvem norte-americano 18 años de idade; pelo contrario, si se tratar duma criança cubana seqüestrada, pretendem que bastam seis anos recém completados para escolher Patria ou decidir se quer ou não regressar a Cuba, e – mais ultrajante para uma criatura que ainda não pode decidir – se deseja ou não voltar com o seu pai e à sua verdadeira família, que com tanta ternura e sacrifício o desejaram, conseguiram trazê-lo ao mundo após inúmeras tentativas infrutuosos, e o cuidaram esmeradamente até essa idade. Em resumo, uma criança grosseiramente seqüestrada que para além disso é vítima de tortura psíquica e inclusive de maltrato físico diariamente.

Às autoridades desse pais incesantemente têm-se-lhes dito e reiterado que o dever do governo è de proceder imediatamente a interromper o crime e devolvê-lo ipso facto à sua família em Cuba. É o que se ajusta às leis internacionais e às proprias leis norte-americanas e cubanas. Não hà forma possível para justificar à asignação dessa tarefa aos Tribunais dos Estados Unidos mediante um processo de longos, intermináveis e ilegais tramitações permetindo com isso aos seqüestradores a consumação do bárbaro ato de destruir mentalmente à criança. Os Tribunais norte-americanos não só careçem de jurisdicção sobre o caso mais também da possibilidade para resolver o problema com a urgência requerida visando evitar consëquências irreversíveis para a sua saúde. É atribuição que corresponde enteiramente ao governo dos Estados Unidos.

Se alguém nesse país fosse suficientemente estúpido para se imaginar que o povo de Cuba cansar-se-á de realizar esta justa batalha, seria digno de que o enviassem de por vida para un manicômio. Na luta pela devolução dessa criança estão em causa muitos valores e princípios, todos os quais são irrenunciáveis.

As autoridades dos Estados Unidos têm chegado demasiado longe neste problema, apesar de que foram advertidas em tempo sobre as suas conseqüências: se essa criança não é devolvida o antes possível à sua família e à sua Patria – expressou o nosso governo – estouraria inevitavelmente uma enorme batalha de opinião nacional e internacional que será sumamente custosa para o prestigio desse pais.

Desde o começo explicou-se-lhe ao nosso povo: a luta será longa; as nossas forças são colossais, mas é preciso empregá-las de forma inteligente e com o máximo de flexibilidade e poupança de energia para não nós desgastar. O mais dificil nos primeiros dias era evitar que os participantes nas tribunas abertas e marchas combatentes se limitassem estritamente em cada caso aos setores e pessoas convidadas aos atos. Ao longo de semanas, a nossa disciplina tem-se acrescentado extraordinariamente e a nossa experiência foi enriquecida de modo increível. Uma coisa ainda mais decisiva: a consciência revolucionária tem-se aprofundado como nunca antes na nossa Patria: Na verdade , ao longo desta histórica batalha, a energia popular e as nossas formas de luta se multiplicaram. Hoje contamos com muitas mais forças que aquelas que tinhamos nos primeiros dias de Dezembro. Um numero elevado e crescente de quadros cada vez mais experimentados realizam as tarefas. Dia a dia os atos são mais eficiêntes e de qualidade superior. Enxames de crianças, adolescentes, jóvems, trabalhadores manuais e intelectuais de todas as idades, artistas, combatentes, organizadores, espalham energia, talento, capacidade de comunicação e persuação que assombram a quantos nos visitam e enchem de grande orgulho ao nosso pais. É a semente semeada pela Revolução e uma obra social e humana que se destaca por todas partes. O país inteiro tem-se tornado cenário de movilizações, marchas, tribunas abertas, e as mais importantes questões da política, os conhecimentos e a cultura nacional e internacional tornaram-se temas das mesas-redondas. Oradores, artistas, expositores profundos, profissionais ou portadores de grande talento natural, florecem por todas partes.

Cuba descobre-se a si mesma, a sua geografia, a sua história, as suas inteligências cultivadas, as suas crianças, os seus jóvems, os seus professores, os seus médicos, os seus profissionais, a sua enorme obra humana produto de 40 anos de luta heróica face à potência mais poderosa que tem existido no mundo; confia mais do que nunca em se mesma; compreende o seu modesto porém fructífero e prometedor papel no mundo de hoje: As suas armas invencíveis são as suas idéias revolucionárias, humanistas e universáis. Contra elas nada podem as armas nucleares, a tecnologia militar ou científica, o monopólio dos mass media de divulgação, o poder político e económico do Imperio, perante um mundo cada vez mais explorado, mais insubordinado e mais rebelde, que mais do que nunca perde o medo e se arma com idéias.

O combate pela devolução do menino cubano seqüestrado tornou-se no primeiro episódio duma luta muito mais prolongada. O seqüestro e a tortura a qual tem sido submetido esse menino, marca o ponto onde se desata a grande batalha que temos por diante para pôr fim às causas que tem originado um fato tão cruel e doloroso. De que valeria a simples devolução desta criança se depois, amanhá de manhá, qualquer dia de qualquer semana, cualquer mês ou qualquer ano, outro Elián, decenas de Elianes, centos de Elianes, mlihares de Elianes, podem desaparecer entre as turbulentas águas, serem trasladados aos Estados Unidos ilegalmente, afastados dum ou dos dois pais sem a sua autorização nem possibilidade nenhuma de lhes recuperar legalmente?

Quantas tragedias igualmente crueis haverão acontecido durante os 33 anos de vigência da Lei de Ajuste Cubano (cuban refuggees: Adjustment of Status) que premia aos que desacatam às normativas da emigração legal e segura, muitos dos quais não receberiam jamais vistos para viajar a esse pais e cujos organizadores incluem como norma nas suas aventuras mulheres e crianças? Quantas vidas cobrou o estímulo da emigração ilegal por parte dos Estados Unidos a suas tentativas de destabilizar o país por essa via, inconformes ou esquecidos já dos esforços realizados desde os primeiros anos por sustraer maciçamente do pais o pessoal qualificado, entre eles mêstres, professores, médicos e outros profissionais para entravar o nosso desenvolvimento económico e social, apoiando-se nas possibilidades de salários e condições de vida material que num pais colonizado, explorado e mantido pelos Estados Unidos no subdesenvolvimento durante mais de meio século, não pderia oferecer?

Será preciso lembrar acaso entre as grandes malfeitorias cometidas contra Cuba como sob o terror de uma calúnia infame elaborada pelos Serviços de Inteligencia americanos sobre a possível supressão do Pátrio Poder à qual hoje tão cinicamente ultrajam, foram seqüestrados e transferidos clandestinamente aos Estados Unidos com o apoio dos seus próprios pais, 14 mil crianças cubanas nos primordios da Revolução?

As agressões e ameaças à segurança do país e os atos de terrorismo; o bloqueio e a guerra econômica, os planos de subversão, diversionismo ideológico, sabotagem, a instabilidade interna; as leis como a Helms -Burton, Torricelli e inúmeras emendas para fazer mais rigoroso o bloqueio visando submeter por fome e doenças ao nosso povo- fatos considerados como atos de genocídio ainda em tempos de paz pelos tratados internacionais assinados tanto por Cuba quanto pelos Estados Unidos- constituem um conjunto de fatores que obstaculizam o nosso desenvolvimento e estimulam a emigração.

Temos direito à paz, ao respeito da nossa soberania e dos nossos intereses mais sagrados. Quarenta anos de infâmia não tem podido submeter nossa vontade de luta. Não estamos nem estaremos cansados.

Para uma mesa-redonda de especial interese cultural ou político são suficientes 10 intelectuais capazes, e no nosso país há decenas de milhares deles.

Todos os cantos da nossa pátria, todos os lugares históricos, todos os sindicatos, todos os comitéis e setores das organizações de massas, todas as escolas e instituições educacionais, culturais e científicas solicitam com fervor, exigem praticamente tribuna aberta para participarem nesta luta e são muitos milhares. Há tarefa para longos anos.

A Lei de Ajuste Cubano deve cessar!

A Lei Helms-Burton deve cessar!

A Lei Torricelli deve cessar!

As emendas introduzidas de contrabando em muitas leis do Congresso dos Estados Unidos para agravar os sofrimentos do nosso povo, devem cessar!

O bloqueio no seu conjunto e a criminosa guerra econômica contra Cuba devem cessar!

As ameaças, as campanhas subversivas, os planos de nos instabilizar, devem cessar!

E ao seu devido tempo, porque não constitui um objetivo prioritário nesta altura embora seja um direito justíssimo e irrenunciável do nosso povo, o território ilegalmente ocupado de Guantánamo deve ser devolvido a Cuba!

Entretanto, a tribuna aberta surgida na histórica luta pela devolução do menino seqüestrado, convertido num símbolo dos direitos da nação, não cessará um só dia. E a batalha de idéias, a formação e aprofundamento da mais sólida consciência revolucionária e o esforço por atingir os mais elevados conhecimentos e a mais ampla e integral cultura, são atividades que na nossa pátria não se deteram jamais enquanto houver injustiça por acabar, enquanto existir o sistema imperialista e ainda quando deixe de existir, porque sempre será necessário lutar por um mundo mais solidário e mais humano. A nossa luta adotará mil formas e estilos diferentes. As massas estaram sempre prontas, a transmissão da mensagem será permanente, as forças e as energias acumular-se-ão e poupar-se-ão para cada minuto necessário ou decisivo.

Alguns impacientam-se e desejam medidas mais drásticas das mais variadas categorias, inclusive violentas para salvar ao menino e libertá-lo dos sofrimentos. Os pretextos para um conflito armado entre os Estados Unidos e Cuba é o que mais desejam os traidores anexionistas. Essa superpotência só é poderosa no campo das armas. No área das idéias é órfã e está indefesa. Com inteligência e com idéias atingiremos os nossos objetivos.

Vamos pulverizar a sua asquerosa hipocrisia, suas grosseiras mentiras, suas repugnantes e egoístas doutrinas imperiais com as quais tentam governar o mundo. Não lhes restará a mais mínima credibilidade necessária para enganar a alguém neste país ou no resto do planeta.

E, no meio desta luta pacífica de idéias, a nossa vida seguirá adiante, continuaremos o nosso épico esforço por vencer as dificuldades, pelo desenvolvimento econômico e social da nossa pátria salvo se tentarem um dia a imposível e louca tarefa de nos destruir pela força, interrompendo a vida normal do nosso país. Nesse caso não haverá para os agressores nenhum dia de trégua nem de calma e nada voltaría a ser normal para eles.

Às nossas crianças, e adolescentes não lhes faltarão os espaços de recreação sã e alegre, ao mesmo tempo enriquecedora das suas inteligências e suas vidas. Todo o nosso povo terá igual direito e espaço para a alegria e, pela sua vez, o constante incremento dos seus valores morais e espirituais com os quais saberemos garantir o indispensável bem-estar material que podemos conquistar com a nossa inteligência e o nosso trabalho.

Ninguem vai se render! E cansar-se nesta luta seria, para um patriota e revolucionário cubano, ainda mais vergonhoso do que render-se.

Vamos ver quem tem mais razão, mais motivação, mais vontade de lutar!

Vamos ver quem vai cansar primeiro!

Vamos ver quem resiste mais!

Amanhã vamos jurá-lo em Baraguá, perante a glória inmortal de Maceo!